Selecionados entre centenas de candidatos, quatro atores têm a responsabilidade de encarnar Michael Jackson em seus tempos de Jackson Five, na abertura do musical escrito pelo inglês Adrian Grant
Carlos Albuquerque (Email)
Publicado: 3/02/13 - 8h00
Atualizado: 3/02/13 - 8h00
Publicado: 3/02/13 - 8h00
Atualizado: 3/02/13 - 8h00
RIO - Depois da quinta vez interpretando “I want you back”, do Jackson Five, de forma impecável, os quatro garotos, com idades entre 10 e 12 anos, até então postados atentamente em frente ao piano de John Maher, numa sala de ensaios em Perdizes, São Paulo, se animam e entram em modo recreio. Eles começam a dançar e perdem não apenas o tom da música mas também a sua própria concentração. Quando a bagunça acaba, Maher, carinhosamente, chama o grupo:
— Sei que é difícil manter a atenção, mas vocês têm que ficar concentrados no ensaio, porque quando a hora chegar, este tipo de coisa não vai poder acontecer — diz ele, com a ajuda da professora de inglês das crianças, Fernanda Rizzo, que faz o papel de tradutora. — Não adianta cantar bem até certo ponto. Não é possível ser apenas meio Michael Jackson. É preciso vivê-lo por completo.
No dia 22 de fevereiro, quando o musical “Thriller live” estrear no Rio, no Citibank Hall, os quatro garotos — Isacque Lopes e Felipe Adetokunbo, do Rio, e Diego Jimenez e Pedro Henrique, de São Paulo — vão ter que ser Michael Jackson por inteiro, como sonha o seu diretor musical. Selecionados ano passado entre centenas de candidatos, eles têm a responsabilidade de encarnar o astro em seus tempos de Jackson Five, na abertura do musical escrito pelo inglês Adrian Grant e encenado pela primeira vez em Londres, em 2006. Desde 2009 em cartaz no West End (a Broadway londrina), o espetáculo — que celebra as quatro décadas de carreira do astro, morto naquele ano — já foi visto por mais de dois milhões de pessoas em excursões à Ásia e a outros países da Europa.
— Este espetáculo é uma celebração da carreira de Michael Jackson, uma forma positiva de lembrar sua herança e mostrar como ela é atemporal — afirma, por telefone, Grant, que publicava um fanzine em homenagem a Jackson, nos anos 1980, e acabou se tornando seu amigo, chegando a visitiar seu rancho, Neverland, em 1990. — O Michael que conheci era uma pessoa muito tranquila e amável, bem diferente daquela mostrada nos tabloides. Resolvi criar esse musical depois de ver experiências semelhantes com o Abba e o Queen. Sabia que faltava um espetáculo para um artista completo como ele, que cantava e dançava como ninguém.
Em outra sala onde acontecem os ensaios, 14 bailarinos, todos brasileiros, alguns com formação clássica ou de jazz, outros vindos do universo urbano do hip-hop quebram a cabeça e entortam as colunas tentando dançar como se fossem Michael, sob o olhar atento do coreógrafo e diretor geral do espetáculo, o também inglês Gary Lloyd.
— É o maior grupo que já tivemos neste musical — diz ele. — Temos habilidades diferentes, o que é ótimo, porque o show não pode ficar datado. Vamos aproveitar todas essas características, do samba à capoeira, nos momentos freestyle do espetáculo. Mas, no geral, estamos aqui para celebrar Michael Jackson, um dançarino único, que também unia elementos diversos. Apesar da barreira do idioma, falamos a linguagem corporal, e isso está fazendo com que a evolução de todos seja grande.
A principal preocupação é com as crianças, que entram na sala principal para passar “ABC” e “I want you back” com os dançarinos e cinco cantores que vieram de Londres para acompanhar o grupo. Eles vão se juntar a Leilah Moreno e Renato Marxx, como as vozes de hits como “Beat it”, “Billie Jean”, “Rock with you” e “Black and white”, além da faixa que dá nome ao espetáculo, representando Michael já adulto. Lloyd se coloca entre as crianças e o grupo, mostrando os passos certos e o momento de fazer o agradecimento.
— É preciso um cuidado especial com as crianças, porque elas têm que cantar em inglês, sabendo o significado das letras, e também dançar com perfeição, sem deixar uma coisa atrapalhar a outra — explica ele. — Não é fácil para ninguém, ainda mais para quem tem essa idade.
Se Fernanda Rizzo, que também é psicóloga, dá o apoio emocional aos pequenos, a coreógrafa Fabiana Figueiredo, da equipe de dançarinos, ajuda os quatro a não trocar as pernas e a virtualmente dançar conforme a música.
— No começo eles estavam muito duros, tensos, mas aos poucos foram aprendendo a relaxar — explica ela. — Dei algumas dicas sobre ritmo e andamento, e ensinei técnicas de respiração. Eles já estão bem melhores, sabendo que precisam se expressar bem para não sumir no palco que vai se tornar gigante para todos.
A versão brasileira de “Thriller live” — que fica no Rio até 7 de abril e depois ruma para São Paulo — vai ter algumas adaptações que não estavam presentes na versão original, entre elas a adição de músicas como “Man in the mirror” e “They don’t care about us”, que teve seu clipe gravado no país.
— São duas músicas que têm um apelo especial para os fãs brasileiros — conta Grant. — Além da banda que toca as bases ao vivo, vamos ter também uma pequena bateria reproduzindo o que o Olodum faz no vídeo. Isso, na verdade, deveria ser uma surpresa.
Após passar a sua parte com os adultos, os quatro “projetos de Michael Jackson” se reúnem, sentados no chão, enquanto lembram, sem roteiros e marcações, como foi o dia.
— A gente se diverte, mas cantar e dançar ao mesmo tempo é difícl e às vezes me deixa cansado — revela Felipe.
— E tem aquelas notas agudas, difíceis pra caramba — completa Diego. — Não sei como ele (Michael) conseguia. Acho que é por isso que minha mãe gostava tanto dele.
— Sei que é difícil manter a atenção, mas vocês têm que ficar concentrados no ensaio, porque quando a hora chegar, este tipo de coisa não vai poder acontecer — diz ele, com a ajuda da professora de inglês das crianças, Fernanda Rizzo, que faz o papel de tradutora. — Não adianta cantar bem até certo ponto. Não é possível ser apenas meio Michael Jackson. É preciso vivê-lo por completo.
No dia 22 de fevereiro, quando o musical “Thriller live” estrear no Rio, no Citibank Hall, os quatro garotos — Isacque Lopes e Felipe Adetokunbo, do Rio, e Diego Jimenez e Pedro Henrique, de São Paulo — vão ter que ser Michael Jackson por inteiro, como sonha o seu diretor musical. Selecionados ano passado entre centenas de candidatos, eles têm a responsabilidade de encarnar o astro em seus tempos de Jackson Five, na abertura do musical escrito pelo inglês Adrian Grant e encenado pela primeira vez em Londres, em 2006. Desde 2009 em cartaz no West End (a Broadway londrina), o espetáculo — que celebra as quatro décadas de carreira do astro, morto naquele ano — já foi visto por mais de dois milhões de pessoas em excursões à Ásia e a outros países da Europa.
— Este espetáculo é uma celebração da carreira de Michael Jackson, uma forma positiva de lembrar sua herança e mostrar como ela é atemporal — afirma, por telefone, Grant, que publicava um fanzine em homenagem a Jackson, nos anos 1980, e acabou se tornando seu amigo, chegando a visitiar seu rancho, Neverland, em 1990. — O Michael que conheci era uma pessoa muito tranquila e amável, bem diferente daquela mostrada nos tabloides. Resolvi criar esse musical depois de ver experiências semelhantes com o Abba e o Queen. Sabia que faltava um espetáculo para um artista completo como ele, que cantava e dançava como ninguém.
Em outra sala onde acontecem os ensaios, 14 bailarinos, todos brasileiros, alguns com formação clássica ou de jazz, outros vindos do universo urbano do hip-hop quebram a cabeça e entortam as colunas tentando dançar como se fossem Michael, sob o olhar atento do coreógrafo e diretor geral do espetáculo, o também inglês Gary Lloyd.
— É o maior grupo que já tivemos neste musical — diz ele. — Temos habilidades diferentes, o que é ótimo, porque o show não pode ficar datado. Vamos aproveitar todas essas características, do samba à capoeira, nos momentos freestyle do espetáculo. Mas, no geral, estamos aqui para celebrar Michael Jackson, um dançarino único, que também unia elementos diversos. Apesar da barreira do idioma, falamos a linguagem corporal, e isso está fazendo com que a evolução de todos seja grande.
A principal preocupação é com as crianças, que entram na sala principal para passar “ABC” e “I want you back” com os dançarinos e cinco cantores que vieram de Londres para acompanhar o grupo. Eles vão se juntar a Leilah Moreno e Renato Marxx, como as vozes de hits como “Beat it”, “Billie Jean”, “Rock with you” e “Black and white”, além da faixa que dá nome ao espetáculo, representando Michael já adulto. Lloyd se coloca entre as crianças e o grupo, mostrando os passos certos e o momento de fazer o agradecimento.
— É preciso um cuidado especial com as crianças, porque elas têm que cantar em inglês, sabendo o significado das letras, e também dançar com perfeição, sem deixar uma coisa atrapalhar a outra — explica ele. — Não é fácil para ninguém, ainda mais para quem tem essa idade.
Se Fernanda Rizzo, que também é psicóloga, dá o apoio emocional aos pequenos, a coreógrafa Fabiana Figueiredo, da equipe de dançarinos, ajuda os quatro a não trocar as pernas e a virtualmente dançar conforme a música.
— No começo eles estavam muito duros, tensos, mas aos poucos foram aprendendo a relaxar — explica ela. — Dei algumas dicas sobre ritmo e andamento, e ensinei técnicas de respiração. Eles já estão bem melhores, sabendo que precisam se expressar bem para não sumir no palco que vai se tornar gigante para todos.
A versão brasileira de “Thriller live” — que fica no Rio até 7 de abril e depois ruma para São Paulo — vai ter algumas adaptações que não estavam presentes na versão original, entre elas a adição de músicas como “Man in the mirror” e “They don’t care about us”, que teve seu clipe gravado no país.
— São duas músicas que têm um apelo especial para os fãs brasileiros — conta Grant. — Além da banda que toca as bases ao vivo, vamos ter também uma pequena bateria reproduzindo o que o Olodum faz no vídeo. Isso, na verdade, deveria ser uma surpresa.
Após passar a sua parte com os adultos, os quatro “projetos de Michael Jackson” se reúnem, sentados no chão, enquanto lembram, sem roteiros e marcações, como foi o dia.
— A gente se diverte, mas cantar e dançar ao mesmo tempo é difícl e às vezes me deixa cansado — revela Felipe.
— E tem aquelas notas agudas, difíceis pra caramba — completa Diego. — Não sei como ele (Michael) conseguia. Acho que é por isso que minha mãe gostava tanto dele.
Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/elenco-brasileiro-intensifica-ensaios-do-musical-thriller-live-que-estreia-dia-22-no-rio-7477180