Chegou ao fim o julgamento de Conrad Murray, o médico pessoal de Michael Jackson, acusado de homicídio involuntário. Na quinta-feira foram ouvidas as alegações finais da defesa e da acusação e espera-se agora o veredicto do júri, que se reunirá hoje em Los Angeles, nos Estados Unidos.
A acusação não tem dúvidas: o médico é culpado na morte do cantor. Mas a defesa, apesar de admitir erros, alega que Michael Jackson automedicou-se sem o conhecimento do médico, provocando a sua própria morte. Se for condenado, Conrad Murray pode enfrentar uma pena de prisão que pode ir até aos quatro anos.
Michael Jackson morreu em 2009 mas só no final do Setembro deste ano é que o caso chegou ao tribunal. O médico começou a ser julgado a 27 de Setembro mas até hoje não pronunciou qualquer palavra em relação ao caso, nem tão pouco testemunhou. A sua postura foi sempre a de um homem sério e atento, com poucas reacções ou expressões faciais, tirando notas de tudo que se ia passando em tribunal. Apenas numa sessão não se controlou e chorou ao ouvir o depoimento de uma paciente que o definia como uma homem de bom coração e nada interesseiro. “Se este homem fosse ganancioso não tinha instalado a sua clínica em Houston, onde setenta e cinco por cento da população é pobre e vive às custas da segurança social”, disse Ruby Mosley, uma das testemunhas que a defesa chamou para contestar o argumento da acusação que alegou que Conrad Murray agiu a pensar apenas no dinheiro que recebia. Numa das sessões, a acusação lembrou o contrato de 150 mil dólares por mês que Murray tinha feito com Michael Jackson. “Ele agiu mais como um simples empregado, preocupado com o dinheiro, do que como médico.”
Num grande circo mediático, que juntou diariamente à porta do Tribunal Superior de Los Angeles centenas de apoiantes de ambos os lados mas em maior número do cantor, o caso pôde ser acompanhado em directo pela televisão e pela internet em todo o mundo. Ao longo dos dias ouviram-se empregados e seguranças de Michael Jackson, antigos pacientes de Conrad Murray, médicos e enfermeiros. Foram mostradas pela primeira vez imagens do corpo do cantor, primeiro na maca do hospital e depois da sua autópsia e foi ainda ouvida uma chamada telefónica inédita entre o médico e o cantor, apenas um mês antes da sua morte, e onde este mal consegue falar por estar sob o efeito de medicamentos. E falou-se de propofol, o poderoso anestésico que terá sido a causa da morte de Michael Jackson.
Do lado da acusação o desfecho deste caso só pode ser a condenação do médico, alegando que Conrad Murray administrou uma dose demasiado forte de propofol ao cantor, que tinha problemas em dormir, sabendo que este medicamento não era o indicado para a situação, uma vez que é normalmente usado em grandes cirurgias. De acordo com um gráfico que a acusação mostrou em tribunal, em dois meses, Murray adminstrou a Michael Jackson cerca de 15 litros desta forte substância. Tendo em conta o cenário, o médico deveria estar preparado para qualquer eventualidade e pronto a socorrer o cantor, o que não aconteceu no dia 25 de Julho, quando Michael Jackson morreu de paragem cardíaca. O advogado de acusação explicou que desde o momento em Michael Jackson se terá sentido mal até Conrad Murray ter ligado para o 112 passaram cerca de 25 minutos. “Uma grande negligência.”
Sobre o dia em que o cantor morreu, Murray alegou em tribunal, no início da investigação, que, após ter dado ao cantor o medicamento dessa noite, saiu do quarto durante “dois minutos, para ir à casa de banho” tendo já reencontrado Jackson em falha respiratória. Argumento que a acusação classifica como “abandono médico”. “Não se pode deixar um paciente sozinho quando este está a ser medicado daquela forma”, disse o advogado, acrescentando que é só “senso comum básico que se tem que ligar logo para o 112”.
Fonte: Publico.pt